A saudade é o sentimento de uma perda, parcial ou total. Tá faltando, tem um vazio, um vácuo. Se voltar, preenche, se não voltar ela fica lá. Um dia aparece mais forte, outro dia mais fraca. E dói porque é como se nos fosse arrancado. Você está confortável no colchão, feliz, dormindo, de repente te tiram o colchão e você fica no chão duro. Dói. A saudade do colchão não passa rápido. Contra a saudade, só nos ocuparmos demais, até ficarmos fora do mundo. Mas ela sempre volta, e de fato dói muito mesmo. Saudade deveria ser na gramática portuguesa, substantivo invariável, porque: Não pode pequena, nem grande, ela existe. Ela sempre é feminina, por sua sensibilidade. Não pode ser muitas, nem poucas, ela é. Quando chega, nada pode substituir.É amiga da lembrança, da recordação e da lágrima. Quando entra em nossa alma, é poderosa e ocupa todos os lugares. Sabe deixar sequelas irreparáveis. É de autenticidade surpreendente, não aceita roupagens. Não se mistifica e nada a destrói. Deixa ao seu redor, o Vazio mais torturante. O que nós esquecemos, é que o Tempo , seu inimigo, pode encobrí-la, fazê-la menos tocável, torná-la mais suportável, mesmo que não aceita. O Tempo, como um cavalheiro de antigas histórinhas, resgatando nossa aceitação.
"Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue."
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